A Avaliação em Contextos de Elearning - um percurso

Relatório sobre a aprendizagem adquirida ao longo da unidade curricular “Avaliação em Contextos de Elearning”.

Tenho de confessar que nunca tinha refletido muito sobre como fazer a avaliação formal na educação até ao começo desta unidade curricular do Mestrado de Pedagogia do Elearning. O meu interesse na educação ‘online’ está direcionado para a educação informal onde a avaliação nunca me pareceu ser o aspeto mais importante e realmente em termos de educação formal só tinha passado pela experiência de ser avaliado, nunca avaliar, sobretudo avaliação sumativa na minha educação académica. Na minha atividade profissional, relacionada com a gestão e manutenção de um departamento de informática numa empresa industrial, a avaliação sempre esteve relacionada com a demonstração efetiva de competências, deixando para um segundo plano as avaliações académicas de quantos por lá traalham e por lá passaram, incluindo a minha pessoa.


Uma visão alternativa da informática nas empresas
Uma visão alternativa de uma avaliação informal da informática nas empresas.

Não foi sem surpresa que na atividade 0 da referida unidade curricular, onde se pediam palavras que ajudassem a definir o que é avaliação para cada um dos alunos, tenha escolhido precisamente frases relacionadas com a avaliação de competências e com o atingir de objetivos:

  • Avaliação pressupõe criação de objetivos de aprendizagem.
  • Avaliação significa ensino e educação.
  • A avaliação serve para determinar se se atingem as competências para chegar aos objetivos definidos.
Com a continuação do estudo ao longo do semestre pude verificar que alguns destes conceitos não estavam muito longe das formas de avaliação propostas no programa da unidade curricular para o ambiente ‘online’ nos nossos dias, isto ainda num período onde não se fazia sentir o peso do confinamento devido à pandemia que assola o mundo, mas, ao mesmo tempo, pude verificar que estava completamente fora do contexto em que pensei inicialmente.

Com a atividade 1 foi fornecido um texto que nos introduzia na problemática da avaliação na educação. Avaliação em Educação: da linearidade dos usos à complexidade das práticas de Jorge Pinto onde nis é dado a perceber o desenvolvimento, sobretudo desde o século passado até aos nossos dias do conceito de avaliação em educação e a forma como foi evoluindo ao sabor d0 aparecimento de novas teorias pedagógicas e como a sua aplicação prática nunca esteve, nem está ao mesmo nível desta evolução teórica.

Foram duas as ideias que escolhi ao ler o texto:

1) A ideia da avaliação como medida, que continua nos nossos dias a prevalecer apesar da evolução das teorias educativas - o gesto avaliativo, a aprovação e a reprovação como o resultado - o ato avaliativo e a integração ou a exclusão como efeitos sociais da aplicação deste modelo avaliativo que já vem do século XIX (Pinto, 2016).

2) O desfasamento entre a teoria e a prática. Apesar da evolução em termos teóricos das novas propostas de avaliação, apoiadas, por exemplo, no construtivismo aplicado à educação, as instituições continuam a aplicar a avaliação sumativa como modelo preferencial na avaliação dos seus alunos.

Da discussão com os colegas sobre este texto parece-me prevalecer a ideia de que realmente estamos a usar nos nossos dias uma avaliação sumativa muitas vezes disfarçada de formativa. É importante que se chegue a uma mudança efetiva do modo como se faz a avaliação nas nossas instituições de ensino. Essa efetivação passará pela reforma do ensino, onde se deve dar maior importância aos processos de ensino/aprendizagem e à sua regulação e principalmente, atribuir maior importância, devido à pressão da sociedade e da vida profissional, à avaliação de competências. Começa-se aqui a construir o caminho para o aprofundar das ideias principais da unidade curricular.




Com o lançamento da atividade 2 somos iniciados no estudo dos princípios teóricos de avaliação da aprendizagem em contexto de elearning. Ao mesmo tempo, inicia-se um ciclo de 3 trabalhos de grupo que iram provocar muito debate, muito feedback altamente instrutivo de colegas e professores acerca dos trabalhos e do que se escreveu nos respetivos fóruns e, ao mesmo tempo, iremos verificar como mesmo num pequeno grupo de pessoas se podem observar fenómenos muito particulares que poderão vir a servir para futuros estudos, a competição, quer se queira, quer não, é algo que está sempre subjacente a todos os fenómenos onde a avaliação está presente e é algo saudável, para o resultado final se for usado sabiamente. Mas isto é será mais uma das direções para o estudo da avaliação ‘online’ e do seu contributo para a aprendizagem e para o desenvolvimento de determinadas competências.

O trabalho do grupo levou-nos a interiorizar alguns dos princípios teóricos da aplicação da avaliação na educação ‘online’. Vivemos na sociedade da informação, mediada pelas novas tecnologias de comunicação, onde a literacia digital assume cada vez mais importância. Toda a unidade curricular e a sua avaliação concretizam a aplicação prática de uma avaliação alternativa digital proposta como as que são propostas nos textos em estudo nesta atividade. Devemos procurar passar de uma cultura do teste, como foi evidenciado na atividade 1 para uma cultura da avaliação, onde se procura estabelecer um sistema onde os professores, os alunos, as instituições, o conhecimento e o seu uso efetivo através de competências que se pretendem adquiridas se encontram em constante interação por meio de ações e das respetivas respostas (Desenho, Execução e Feedback), onde cada um destes elementos acaba por sair enriquecido, procurando, neste processo, melhorar a própria sociedade.

Usando os programas de avaliação de competências a aplicação do conhecimento através da cultura da avaliação privilegia o desenvolvimento de capacidades e competências como:

  • Identificar;
  • Selecionar;
  • Argumentar;
  • Gerir a informação;
  • Pensar criticamente;
  • Emitir juízos fundamentados;
  • Inovar;
  • Comunicar.
(Pereira, Oliveira, Tinoca, Pinto & Amante, 2015)

É a cultura da aprendizagem e tudo isto não se consegue usando somente testes e questionários, avaliação sumativa, é preciso usar também a avaliação formativa e para isso temos de encontrar um equilíbrio. Torna-se deste modo evidente que podemos usar para este fim toda uma panóplia de ferramentas colocadas à nossa disposição pelas novas tecnologias de comunicação, os variados dispositivos digitais e as novas formas virtuais de comunicação como os fóruns, os e-portefólios, os blogs, os wikis, os PLE's, os próprios VLE's que podem ser mais bem explorados e com cada vez mais ligações externas, as rede sociais e todas as suas formas de comunicação, etc., que também podem ser usadas em conjugação com vários tipos de questionários.

As atividades 3 e 4 foram exercícios em grupo para aplicar estes princípios. Na atividade 3 discutimos e apresentamos várias ferramentas que podem ser usadas na avaliação de variadas competências, os prós e os contras em utilizar algumas destas ferramentas. Na atividade 4 acabamos por elaborar um plano de avaliação para um curso ministrado em regime virtual totalmente assimétrico. O professor acaba por se tornar um parceiro do aluno na aquisição do saber e no desenvolvimento de competências. É a cultura da aprendizagem em ação e os debates fomentados no final de cada um destes trabalhos parecem demonstrar a veracidade da aplicação destes conceitos. A partilha de informação e a discussão sobre os conceitos foi tremenda e ainda terei de passar ainda algum tempo a reler todas as mensagens de colegas e professores para assimilar da melhor forma toda esta informação.

A avaliação serve assim para ajudar na aprendizagem de competências que devem ser evidenciadas como objetivos a atingir no decurso de uma ação de formação e como o resultado que se procura atingir no final dessa mesma ação. Isto, tanto a nível profissional como académico, devendo também ela servir para melhorar, continuamente, os conteúdos e a forma como a informação é transmitida no decorrer dessas ações. Tudo isto mediado pelas novas tecnologias de comunicação que permitem alargar para novos caminhos e acelerar as formas de interação entre todos os agentes intervenientes nas respetivas ações. Esta seria a minha definição atual de avaliação se fosse colocada agora a mesma questão da atividade 0, parece-me um pouco mais correta.

Todo este trajeto acabou por se traduzir na aprendizagem efetiva das competências a desenvolver na unidade curricular e apresentadas no respetivo contrato de aprendizagem:

  • Analisar a evolução do conceito de avaliação;
  • Discutir a avaliação pedagógica como processo de assistência à aprendizagem;
  • Perspetivar a especificidade da avaliação em contextos de Elearning;
  • Pesquisar e analisar modelos pedagógicos de avaliação em Elearning;
  • Analisar e caraterizar instrumentos de avaliação em contextos de Elearning;
  • Definir um plano de avaliação de aprendizagens em contexto de  Elearning.

Referencias:

Pereira, A., Oliveira, I, Tinoca, L., Pinto, M. C., Amante, L. (2015). Avaliação alternativa digital: conceito e caracterização em contextos digitais. In Desafios da avaliação digital no Ensino Superior. . Lisboa: Universidade Aberta (6-34).

Pinto, J. (2016). A Avaliação em Educação: da linearidade dos usos à complexidade das práticas, in L.Amante e I.Oliveira (Orgs.) Avaliação das Aprendizagens: perspetivas, contextos e práticas. E-book, Lisboa: Universidade Aberta.


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