A educação digital e os ecossistemas de aprendizagem - Parte II

 Na continuação do post anterior vamos aqui desenvolver alguns conceitos ainda relacionados com os ecossistemas de aprendizagem.

Podemos encontrar vários ecossistemas de aprendizagem. O tradicional, que serve de contraponto a todos os outros e sobre o qual se procuram encontrar argumentos para fundamentar a novas escolhas de aprendizagem apoiadas nas novas tecnologias de informação e de comunicação, e que é o do ensino presencial, onde o professor assume o papel autoritário de dono do conhecimento e que o transmite de uma forma passiva numa sala de aula, avaliando de forma sumativa, por exemplo através de um exame final, a assimilação por parte dos estudantes desse conhecimento a eles transmitido.

Este é o ecossistema tradicional, com origem em praticas educativas que já vêm do século XIX e que persiste, actualmente na maioria das situações do ensino de todos os tipos, formal, não formal e por vezes até no ensino informal.

Os novos ecossistemas de aprendizagem procuram, adaptando-se às novas formas de organização e de estruturação das sociedades contemporâneas, contrariar este modelo de ensino tradicional encontrando novos métodos de aprendizagem, que já não passam pela simples assimilação do conhecimento de um modo passivo por parte dos alunos, mas pela procura de uma aprendizagem activa, que os leve a procurarem também eles a construção do seu conhecimento.

 

Sala de aula tradicional de ensino presencial

 

 Os ecossistemas de aprendizagem podem ser caracterizados de diversas formas:

  1. Ecossistema de aprendizagem de modelo presencial. O professor passa o conhecimento em sentido vertical, do topo para a base,
  2. Ecossistemas híbridos de aprendizagem que mistura os modelos presenciais com modelos digitais, como por exemplo o Blended Learning. O professor começa a ter um papel de orientação e o sentido do conhecimento começa a alinhar-se para a horizontalidade,
  3. Ecossistemas puramente digitais, como por exemplo o Elearning totalmente mediatizado pela tecnologia, num modelo centrado nos alunos em qualquer lugar a qualquer hora, onde o professor pode também assumir vários papeis, mas onde se pretende sobretudo que seja também um orientador, um facilitador do conhecimento, usando métodos digitais que podem passar por aulas síncronas, através de conferencia ou por aulas assíncronas, usando todo o tipo de meios digitais, texto, vídeo, som, jogos educativos, etc.

Quando se fala em ecossistemas digitais, estamos sobretudo a falar dos dois últimos pontos. Um conceito muito interessante de ecossistema digital foi apresentado no debate pelo colega Bande onde refere que:

"Um Ecossistema Digital assume-se, em contexto educacional, como um sistema de aprendizagem em rede que apoia a cooperação, a partilha do conhecimento, o desenvolvimento de tecnologias abertas e a evolução de ambientes ricos em conhecimento.Relativamente à sua estrutura, um Ecossistema Digital de Aprendizagem em Rede pode assumir qualquer tamanho, desde que comporte indivíduos da espécie humana (professores e estudantes), organismos da espécie digital (conteúdos), um ambiente digital (as tecnologias) e as iterações entre os mesmos."

No fundo o que estamos aqui a falar sempre de iterações entre diferentes organismos que neste caso são de um lado humanos do outro digitais. E tudo isto está inserido numa problemática mais abrangente que atinge todos os níveis do social que é a sociedade digital.

Um bom exemplo de um sistema híbrido que junta os dois últimos modelos aqui caracterizados e bastante debatido no âmbito da unidade curricular do mestrado de Pedagogia do Elearning, Ambientes Virtuais de Aprendizagem foi o modelo HyFlex que desenvolverei num outro post. Deixo aqui duas ligações (Links) com algumas descrições do modelo partilhados no debate pelo professor e por alguns dos colegas.

https://library.educause.edu/resources/2020/7/7-things-you-should-know-about-the-hyflex-course-model

https://library.educause.edu/-/media/files/library/2020/7/eli7173.pdf

Com os melhores cumprimentos,

Pedro Ribeiro


 

 

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