Uma nova fase do blog - O estudo da história na era da informação digital

Com a finalização de um período complicado de conclusão de várias unidades curriculares de vários mestrados com temáticas que muito nos interessam, vamos introduzir uma nova actividade de procura e de reflexão sobre as melhores maneiras de conjugar o uso das novas tecnologias com o estudo da história. 

O passado (e estou a falar já do segundo que passou ao ler esta linha), e a história, nas suas várias vertentes é estudado, reflectido e interpretado a partir de fontes primárias que se guardam e vão resistindo à medida (muitas acabam destruidas e perdem-se para sempre) que o tempo passa. Actualmente, este trabalho é facilitado com o uso do poder do digital pois tudo pode ficar registado no exacto momento em que acontece, mas no caso dos nossos antepassados, com outro tipo de recursos, procurou-se preservar esse passado num outro tipo de objectos criados para este efeito, objectos estes a que chamamos de documentos que podem ser de vários tipos. No caso dos materiais, podem ser escritos, imagens, sons, filmes, vídeos, etc. No caso dos imateriais, estes podem fazer parte da tradição oral, os cheiros, os sons da natureza que associamos a determinadas experiências e que o nosso cérebro assimila e processa dando algum tipo de sentido através dos padrões que cada um de nós foi aprendendo ao longo da sua vida e que vamos passando, ao longo do tempo, de geração em geração.

A memória individual pode ser traduzida em termos de sociedade, em locais onde vamos guardando os documentos que são criandos e que procuram, em relação a todas as situações da sociedade, preservar o que foi considerado pelos seus criadores, como uma representação do que aconteceu, uma descrição verdadeira, do que se passou em determinado período da evolução dessa sociedade e que merece ser preservada para futuros estudos. São o que chamamos de arquivos, que podem ser de vários tipos como também as bibliotecas, os museus, etc. A história, como ciência, é feita a partir dos documentos que até agora tem sido guardados em locais próprios obrigando os seus estudiosos a terem de se deslocar a este tipo de instituições para produzir os seus trabalhos.

Imagem das ruínas do Carmo com manipulação digital.

Hoje em dia, como já referido, vivemos na época da digitalização e do uso das novas tecnologias que facilitam outros meios para fazer este tipo de trabalhos democratizando assim o acesso a todo o tipo de informação de uma maneira rápida e cómoda, permitindo assim, quando se faz a digitalização desses documentos de modo transparente e sem intenções escondidas, um acesso livre à informação cientificamente tratada e fundamentada e o desenvolvimento de muitos outros tipos de estudos que anteriormente se encontravam bloqueados por motivos muitos diversos, como por exemplo o difícil acesso a arquivos históricos e a necessidade de grandes períodos temporais para os fazer.

Assim, para que a digitalização dos documentos funcione, no contexto do estudo do passado, de uma maneira optimizada, permitindo assim que os motores de busca na World Wide Web (WWW) encontrem rapidamente aquilo que é procurado e contextualizando da melhor maneira o que é encontrado para efeitos da pesquisa, não chega fazer o "Scan" dos documentos para ficheiros de imagem como se verifica em muitos casos nos dias que correm. Em muitos casos é digitalizada uma imagem dos documentos, como por exemplo manuscritos que se encontram arquivados, ou a passagem de pinturas e imagens para ficheiros do tipo gráfico. Tudo isto pode ajudar, mas não optimiza o conteúdo dos documentos para serem encontrados rapidamente, no âmbito das pesquisas que são elaboradas nos motores de busca nem proporcionam as melhores condições para se produzirem estudos que utilizem todas as potencialidades da ferramentas digitais de análise de textos e de dados que existem actualmente.  

Para além da necessidade da transcrição para ficheiros de texto do conteúdo dos documentos manuscritos, que é importantíssimo e que pode ser feito com efeitos pedagógicos em modo colaborativo na WWW, temos de pensar em termos de Semântica da Web de modo a preparar os documentos, de todos os tipos, para serem facilmente encontrados pelos algoritmos que analisam os conteúdos divulgados de maneira a que os motores de busca consigam uma fácil identificação e associação às pesquisas pretendidas (aqui também entram as leis do mercado e do consumismo, mais recursos significam melhores hipóteses de chegar ao topo das pesquisas). E atenção que não estamos aqui a pensar em modo concorrencial como funciona normalmente no mundo empresarial, a Search Engine Optimization (SEO), que procura colocar nas primeiras páginas o que se pretende encontrar. O que estamos aqui a falar é na identificação do conteúdo de maneira a associar aos resultados das pesquisas de maneira a que seja encontrado aquilo que realmente é pretendido. Estamos aqui a falar numa boa caracterização dos documentos digitalizados que passa, por exemplo, por uma boa descrição destes através de metadados, que são no fundo aquilo que as máquinas conseguem ler de maneira a associar conteúdos a resultados de pesquisa.

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